Confiram mais uma bela resenha/análise da colunista Nathalia.
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Título: Cadillac K.K.K.Autor/a: James Lee Burke
Editora: Record
Páginas: 366
“Um dos melhores escritores policiais dos Estados Unidos.” Essas foram as palavras de Los Angeles Times Book Review. Com uma afirmação que eleva os status de um livro e, somado a isso, vinda de uma instituição aclamada no mundo da literatura, resulta em uma boa impressão antes mesmo de lermos. Contudo, minhas expectativas não foram atendidas.
Iniciei o livro a todo o vapor. Me senti como um pirata ao descobrir um tesouro imensurável (e o leitor esteja a vontade para julgar se fora esse o motivo de eu não ter apreciado a leitura). Ao desenrolar da história meu pensamento era sempre: “calma, vai melhorar. Nem acabou o livro!” Mas mesmo com todo meu otimismo não consegui me encaixar na obra.
O autor tem uma excelente escrita, de modo que nunca me senti perdida ou tive que voltar algumas paginas para ler algum trecho. Amarra muito bem os fatos, já que entenderemos perfeitamente como a eleição do prefeito Buford La Rose e uma teia de mafiosos irão intervir nas investigações do detetive.
“- Dock arruma garotas para tudo quanto é cara da máfia. Essa é a única razão pela qual eles deixam um cara maluco como ele andando por aí. Mas também ele não fecha nenhum negócio sem dar a parte devida aos carcamanos. O que me pergunto é quando a máfia começou a trabalhar com gente de cor. Acha que há algum mistério no fato dessa cidade estar virada de pernas por ar?”
(pg. 320)
Tudo se inicia com a prisão de Aaron Crown pelo motivo de ter assassinado um homem negro e ainda por suspeitas de participar da organização racista Ku Klux Klan (daí a sigla no título K.K.K.) que, diga-se de passagem, realmente existiu. O detetive David Robicheaux será o encarregado das investigações não só pela sua competência, mas também a um pedido feito pessoalmente pelo réu.
“Mas ninguém que já tivesse encarado Aaron Crown conseguia se esquecer de seus olhos, que pareciam emitir um certo brilho cauteloso que não precisava de motivos, um olhar de desejo insone, reptiliano, que fazia com que as pessoas sentissem um certo desconforto de cunho sexual, independentemente de serem homens ou mulheres.” (pg.8)
Meu leitor benevolente já deve estar se perguntando: ”mas o que você não gostou do livro?” Não sou uma pessoa que joga todos os pontos ruins sem antes apresentar o que o livro trás de bom, até mesmo uma excelente diagramação (que se faz presente na obra em questão). Mas chega de mais delongas e vamos ao meu ponto negativo.
Ao terminar de ler o livro minha reação foi... Imagine você sentindo o cheiro da comida que mais gosta sua boca enchendo de “água” e quando você vai provar a obra prima, percebe que todos já comeram... Menos você. Foi essa a minha reação ao terminar de ler.
Mesmo a escrita de Burke sendo muito bem elaborada e a trama perfeitamente amarrada, imaginava que o final seria para arrebatar o leitor, o que não foi o caso e daí meu desapontamento. O final foi muito vago e não atendeu as proporções das reviravoltas da história.
A obra aborda temas polêmicos como: corrupção social e política, prostituição e racismo. O autor não defende nenhum ponto de vista, o assunto é levantado pelo choque de valores entre as personagens.
Cadillac K.K.K. faz parte da Coleção Negra, que reúne os maiores mestre da literatura policial. Esse foi o primeiro livro que li da coletânea, o mesmo vale para o autor. Como minha primeira experiência não foi muito positiva, não estou animada para continuar lendo-a, mas nada impede de um dia eu voltar a acompanhar. Meu consolo é de que existem outros escritores de romance policial e que não estão em extinção (não consegui evitar a piada, me perdoem).
Como sempre, aqui está um trechinho que mais me chamou a atenção (detalhe, eles estavam em um necrotério, um lugar supostamente para pessoas mortas):
“De alguma forma, porém, no interior de nossas mentes, ouvimos sons atrás de todos aqueles gavetões reluzentes; o gotejar de fluidos, um tendão se contraindo, um lábio se tencionando em um espasmo que revela dentes.” (pg. 239)
Essa foi minha primeira critica negativa... Então, peguei muito pesado?
Deixem sua opinião... Beijinhos e até a próxima.
infelizmente não atraiu tanto como eu esperava!
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