quarta-feira, 12 de agosto de 2015

#Juca Mulato – Menotti Del Picchia

Olá Leitores,

E a colunista Nathalia, nos apresenta mais uma análise, confiram:


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Título: Juca Mulato
Auto/a: Menotti Del Picchia
Editora: Ediouro Publicações
Páginas: 80

Foge-me da memória o fato de que eu não me dou com o tipo textual poesia. Porém, caso não tenha relatado isso a vocês, leitores, perdoe-me e já aproveito para deixar oficial “não gosto de poesia, ou melhor, não gostava até a presente obra”.

Embora o livro seja bem pequeno (quanto ao número de páginas), o conteúdo é enorme, muitos livros de 300 páginas não conseguem transmitir tantos ensinamentos como esse, com suas 80 humildes folhas. Por isso, se você olhou e pensou: “leio isso em um dia”, está enganado e, admito, caiu no mesmo erro que eu. Demorei um pouco mais de uma semana para lê-lo devidamente.

Juca Mulato é um caboclo do mato. Trabalha em uma fazenda de café e, num belo dia, depara-se com a filha da patroa, por quem se apaixona perdidamente, mesmo sabendo que esse sentimento não é correspondido. Juca não consegue tirá-la dos pensamentos. O olhar de sua musa está presente em todas as formas da natureza: no deitar do sol, nas águas do riacho, nos sons da floresta, de modo a atormentar e segui-lo a todo o momento.

“ E, na noite estival, arrepiadas, as plantas

tinham na negra fronde umas roucas gargantas
bradando, sob o luar opalino, de chofre:
“Sofre, Juca Mulato, é tua sina, sofre...
Fechar o mal de amor nossa alma adormecida
é dormir sem sonhar, é viver sem ter vida...
Ter a um sonho de amor o coração sujeito
é o mesmo que cravar uma faca no peito.
Essa vida é um punhal de dois gumes fatais:
não amar, é sofrer; amar, é sofrer mais!” (Pág. 21)

Sensacional, não tenho palavra melhor. O sentimento de Juca é descrito por muitos como puro. Entretanto, para minha simplória opinião, percebi um amadurecimento emocional. O que iniciou como um amor platônico transforma-se num sentimento tão ardente a ponto de levar o protagonista a delírios fantasiosos (se é que vocês me entendem rsrs) com seu objeto de devoção, a filha da patroa. Juca tinha duas saídas, esquecer ou enlouquecer.

“- Juca Mulato! Esquece o olhar inatingível!
Não há cura, ai de ti! para o amor impossível.” (Pág. 54)

Achei o livro desafiador no quesito vocabulário, são raros os poemas que não recorri ao dicionário, mas, de modo algum isso é um ponto negativo, já que um dos propósitos da leitura é, justamente, enriquecer a nossa gama de expressões (e esse livro vai acrescentar muito mesmo).

Não consegui definir de fato um posicionamento para o escritor. Ele não é parnasiano, é identificado como da primeira geração do modernismo, mas ainda conserva os versos alexandrinos, embora siga o ritmo modernista.

O livro apresenta uma excelente edição, principalmente para quem gosta de estar por dentro do pano de fundo, já que no inicio apresenta uma breve introdução pelo Professor Osmar Barbosa e, ao final, uma coletânea de resenhas mais uma crítica profissional de Jairo Dias de Carvalho, alem de uma mini biobibliografia de Del Picchia. Além de tudo isso, a obra está acompanhada de ilustrações de Tarsila, Mozinha e do próprio autor.

Nessas minhas leituras acadêmicas descobri que o senhor Menotti foi o discursista da Semana de Arte Moderna.

Vou deixar aqui uma comparação bem interessante e inteligente que o critico fez com Juca Mulato e os personagens de Euclides da Cunha:

“Enquanto os jagunços de Canudos triunfam sobre o meio e sobre o homem, a vitória de Juca Mulato é suprema porque é sobre si mesmo.” (Pág. 74)

A meu ver a obra é maravilhosa, sublime, sensacional... Rsrsrs como vocês puderam ver são muitos os elogios. Então está aí uma bela leitura e até a próxima ;)

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