Olá Leitores,
Com vocês mais uma análise/resenha, da colunista do blog Nathalia Marin, confiram:
Adicione no Skoob
Título: A Caldeira do Diabo
Autor/a: Grace Metalious
Editora: Nova Cultural
Páginas: 414
Para situar meus queridos leitores, gostaria de deixar por escrito que estou participando do Desafio Literário da Rory Gilmore (personagem do seriado de TV Gilmore Girls, adaptado como Tal Mãe Tal Filha). O desafio consiste em ler todos os livros que a personagem Rory leu durante as sete temporadas, até o momento, (e são muitos). Existem várias listas espalhadas, mas a mais completa que encontrei foi do blog da Melina Souza, com 368 livros (OMG). Como vocês notaram são MUITOS e, como também quero ler outros que não se encontram na lista, não vou estabelecer nenhuma previsão de término. Convido a todos que apreciam a série e que gostam de boas leituras para sentirem-se a vontade em participar do desafio.
É uma pena que livros tão bons não sejam mais relançados, como é o caso da presente obra. Encontrei minha edição, de 1986, em um sebo virtual e não me arrependo de ter ido até os confins da Terra para encontrá-lo.
Todas as personagens, sem exceção, são humanas. A construção de cada um teve como objetivo impactar o leitor, não apenas com suas histórias de vida (que são muito fortes), mas para que possamos ver nossos defeitos refletidos e identificar-nos em pelo menos uma personagem, no mínimo (no meu caso foram seis).
A trama (muito bem construída) vai se focar numa cidadela do interior da Nova Inglaterra, Peyton Place. Esse vilarejo é caracterizado como o lugar onde todos têm algum podre, mas condenam as pessoas cujo segredo fora descoberto.
Como a história não é focada em determinada personagem, vou me limitar a contar apenas dos que julguei serem os mais importantes.
Seth Buswell é um jornalista boa-vida. Herdou uma grande fortuna do pai e conseguiu comprar o Peyton Place Times apenas para ter uma desculpa para não trabalhar. Não usa o poder que aquelas folhas lhe dão para manipular a população, maior parte sem capacidade crítica, e publica apenas alguns artigos que jornalistas avulsos o envia (mesmo tendo as falas mais inteligentes do livro). Apresenta um ódio mortal por Leslie Harrington que, quase no final, iremos descobrir o motivo.
Dr. Mathew Swain, o médico com uma carreira imaculada (mas nada que nossa autora Grace não possa destruir). Ele foi criado, a meu ver, para nos provar uma coisa: A NATUREZA DO HOMEM É CORRUPTÍVEL. Viúvo amou sua esposa até o último suspiro e, mesmo assim, não verteu uma lágrima em seu funeral. Mesmo tendo feito algo que muitos de nós julgaríamos abominável, não condeno o Dr. Swain. Na verdade achei sua atitude muito nobre, colocando algo muito precioso em risco para salvar outra pessoa da repulsa que a cidade poderia expressar. É importante ressaltar que Mathew Swain foi o fundador do único hospital da cidade.
Selena Cross é uma moradora de casebre que sonha em um dia casar-se com um bom homem e mudar de vida. Com uma mãe quase maluca (que sucumbe a loucura com o decorrer da trama), um padrasto nojento, bruto, obtuso e ser das cavernas do Cenozóico (desculpe tantos insultos, mas, quem já leu vai me entender e saber que peguei até leve), ela apresenta poucas perspectivas de melhoras. Mas não é por isso e nem por num breve momento de desamparo total, que pareceu uma eternidade para mim, ela abaixa a cabeça. Mas luta cada vez com mais força não só por si mesma, mas também pelo meio-irmão Joye Cross (que é um amor de criança, até ajuda na cozinha). Selena cresce profissionalmente e amadurece numa velocidade alucinante que me assustou. Peguei a personagem fazendo escolhas que seria difícil até para alguém com 40 anos e uma boa bagagem de vida. Não tenho vergonha de dizer: admiro-a.
Costance MacKenzie ou para os mais íntimos Connie, é a jovem viúva da cidade ou não tão viúva se consideramos o fato dela nunca ter sido casada realmente com o amante (e chefe) que ela tivera em Nova York. Isso não é nenhum spoiler, já que descobrimos no inicio da história, além dela ter adulterado a certidão de nascimento de sua filha, Allison MacKenzie, fazendo com que ela acredite ser um ano mais nova do que realmente é.
Leslie Harrington o “senhor de escravos brancos” (eu mesmo dei esse título a ele). É dono de uma indústria que emprega 90% da cidade, por isso ele faz o que bem entender. Como quando os habitantes da cidade precisam decidir sobre uma nova lei e ele é contra, faz que vai demitir todos que não forem contra a votação e voilá, a votação não acontece. Mas ele tem sua “recompensa” no final que, mesmo merecendo, achei pesada.
Allison MacKenzie, filha bastarda do pai que tem o mesmo nome. Confesso que no inicio não tive paciência com as crises existenciais dela, mas me assustei com sua frieza quando acontece um “acidente” e sua amiga tem o braço amputado, Allison tem um ataque de riso. Isso me prova uma coisa: Grace Metalious não tem um pingo de sentimentalismo com ninguém.
Srta. Thornton, a professora do primário. Ela nem aparece tanto no livro e não tem um papel de peso, contudo a filosofia que está por trás da criatura é universal. Atire a primeira pedra quem nunca falou algo, mas pensou o contrário. A existência da professora é unicamente para esfregar isso em nosso orgulho.
Com todas essas descrições e mais alguns fatos omitidos a leitura é bem impactante. Não damos risada na leitura, mas uma por uma, nossas máscaras do dia a dia são derrubadas pela autora de modo que, antes do final, é nossa pura essência lendo. Nunca tinha experimentado tal sensação e com toda certeza, nunca irei me esquecer.
Junte o que acabei de escrever num livro e o lance sobre uma sociedade moralista de 1957, já sabem o que resulto certo? O livro foi banido quando fora lançado e depois de anos, relançado, com apenas seis edições sendo que, esta que vos trago é a mais atual. O português empregado nela é muito semelhante com o atual, com exceção de tremas, mas nada que atrapalhe no entendimento.
Recomendo a toda e qualquer pessoa a leitura. Coloco minha mão no fogo de olhos fechados ao dizer que com toda certeza ela acrescentará na carreira de leitura que cada um constrói.
“O veranico de outono é como uma mulher. Sazonado, arrebatado e ardente, mas inconstante, chega e parte quando bem lhe apraz, ninguém jamais sabendo exatamente se vai mesmo chegar ou por quanto tempo ficará.” (pág. 9)
Beijos Nathalia...
que história bacana, estou bem curiosa, confesso que não conhecia o livro, mas ja vi que ele merece uma atenção redobrada
ResponderExcluirfelicidadeemlivros.blogspot.com.br/2015/07/resenha-mentiras-que-confortam.html
Olá Thaila,
ExcluirSim concordo com você, o livro trás muitos pontos para nossa meditação que não consegui sintetizar na resenha. Por isso, recomendo a leitura para que você tirar suas próprias conclusões =D
Beijos,
Nat.